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A Gentil Carioca tem o prazer de apresentar Bum-bum Paticumbum Prugurundum, a coletiva inaugural do nosso novo espaço em São Paulo. A galeria chega na capital paulista com Aleta Valente, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Ernesto Neto, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, OPAVIVARÁ!, Renata Lucas, Rodrigo Torres e Vivian Caccuri.
“Batuco, logo existo”, a frase dita por Luiz Antonio Simas, historiador, compositor brasileiro e babalaô no culto de Ifá, pode ser tão universal quanto a máxima do filósofo e matemático francês, René Descartes “penso, logo existo”.
Bum-bum Paticumbum Prugurundum, a exposição coletiva inaugural da Gentil em terras paulistanas, traz em sua narrativa o ethos da corporalidade e deseja oferecer um saber que não está na racionalidade do pensamento cartesiano tão definidor do ocidente, mas sim expresso numa língua de escritas outras, de tambores e ritmos. Os corpos de obras e de espectadores visitam o espaço da galeria, reconfigurando as ortogonalidades usuais de exposição. Inspiram-se nos encontros de batuque, nos blocos de carnaval, nas rodas de gente na praça para grandes resoluções, o que determina um ritmo de outra fisicalidade ou lógica.
Bum-bum Paticumbum Prugurundum é no corpo/espírito, no balanço, no equilíbrio. As obras dispostas no espaço de exposição entram numa temperança rítmica, distraem-se no espaço, sem um logos analítico, levadas pela subjetividade do som do tambor que o título traz. Bum bum, a subjetividade dos sons, pa ti cum, o ritmo no entendimento do corpo/coração que bate tum tum, cum bum... gera temperança, ou excitação, acalma, serena, levanta, trabalha a alma, cura, repensa prugurundum.
"Bum-bum paticumbum prugurundum
O nosso samba minha gente é isso aí, é isso aí"
Bum-bum Paticundum Prugurundum - Beto Sem Braço and Aluízio Machado
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Muitos já ouviram, falaram, cantaram a onomatopeia mantra e tratado, mantratado, Bum-bum Paticumbum Prugurundum, um samba do Império Serrano, campeão de um desfile arrebatador em 1982, que traz em seu enredo fortes críticas aos rumos que estavam se tornando o carnaval na época. O enredo falava das três diferentes manifestações do samba que se davam na Praça XI, Candelária e Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro, naquela época.
Bum-bum Paticumbum Prugurundum é expressão do compositor Ismael Silva usada para mostrar como deveria ser a batida do surdo, que deu origem ao ritmo Samba que conhecemos hoje. O enredo foi composto por Beto Sem Braço e Aloísio Machado e lançado em 1981.
Em suas origens em terras brasilis, Samba era festa de gente afrodescendente que acontecia de várias maneiras em diferentes partes do Brasil, não necessariamente definia um ritmo, mas, segundo o mestre Luiz Antônio Simas, um encontro festivo movido a canto, ritmo e dança. Com o fim da escravatura houve um êxodo de ex-escravizados saindo da Bahia para o Rio de Janeiro, ocupando a área entorno do centro: região portuária, praça Tiradentes, Saara, era tempo das festas da casa da Tia Ciata, dentre outras tias, de mestres como Sinhô, Donga, Pixinguinha. Ao mesmo tempo, outro êxodo, vindo do Vale do Paraíba, chegava à capital se aldeando na região do Estácio, esta era a turma de Ismael Silva, Bide, Marçal, Brancura e vários bambas. Estas duas energias entraram em choque, enquanto a turma da pequena África gostava de um samba mais rodado, maxixado, de roda, a turma do Estácio queria um samba que empurrasse a turma, os blocos, os ranchos pelas ruas da cidade, gostavam de briga, de entrar em choque com outros blocos, queriam um ritmo que permitisse o corpo coletivo evoluir, e assim nasceu o Bum-bum Paticumbum Prugurundum.
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Quase quatro décadas depois do ano de composição da letra, Ernesto Neto, numa aula online de agogô do mestre Scofa, iniciam uma conversa, quem sabe sincopados pelo mestre Simas que já dizia “Batuco, logo existo”, sobre essa tão marcante expressão de Ismael Silva. Falavam: “ … que a frase Bum-bum Paticumbum Prugurundum está contido um tratado tão importante quanto a frase “Penso, logo existo”, do mestre Descartes, assim como o próprio livro Discurso do Método e várias outras filosofias que definem o ocidente e por consequência a modernidade. Que ali está contido uma teoria, um Norte (ou seria melhor dizer um Sul). A língua dos tambores e ritmos é tão importante como a escrita, mas inescrevíveis, pois sua fala não é inteligível pela mente, mas pelo corpo...” Assim nasceu o texto original Bum-bum Paticumbum Prugurundum de Ernesto Neto.
O Bum-bum Paticumbum Prugurundum exemplifica o pensamento do samba, afrocentrado, onde indivíduo e coletivo são parte do mesmo corpo, se equilibrando, somando, contradizendo e confluindo.
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catucurucutu paticumbumbum
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caracatumtum tum catucurucuta
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paticumbumbumbumRicardo Cotrim, 2021
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O novo espaço da galeria está localizado numa charmosa vila na Travessa Dona Paula, 108, Higienópolis.
A nova casa permitirá uma ampliação de nossas atividades na capital mais populosa do Brasil.
Venham conhecer a nossa mais nova galeria!
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Artistas
Bum-bum Paticumbum Prugurundum
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