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A Gentil Carioca tem o prazer de apresentar a segunda individual de Arjan Martins na galeria. Descompasso Atlântico, reitera a navegação do artista por uma história de resistências e refluxos simbólicos, políticos, culturais e existenciais dos negros de ascendência africana transplantados pela escravidão colonial. Martins se interessa pela representação dos rostos dissolvidos, quase líquidos. Como lavados pelas águas do Atlântico, que se tornou por mais de três séculos e meio um grande cemitério de pessoas escravizadas. O trânsito por essas águas negras, perpassa histórias das mais íntimas até a ressignificação cultural macro dessa transposição. São retratos que se completam apenas com a presença e a imaginação do espectador. Não por acaso, 22 de abril, a data de lançamento da exposição, é a mesma data da chegada dos colonizadores por essas terras.
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Um peculiar cruzamento entre figuração e incorporalidade, em jogo a sua produção, aparece na representação dos rostos dissolvidos, quase líquidos. Este oceano só se completa com a presença e a imaginação do espectador. Dessa forma, "não é possível dizer se choram ou sorriem, mas se intui que habitam o cotidiano, caminham, trabalham, estudam, lembram e sonham. Na construção destas figuras, brasileiros, norte-americanos ou europeus, são igualmente filhos da diáspora, e o modo como o artista os representa aponta para esse vínculo, enquanto reconhece que suas existências vão além da tarefa de se lembrar do trauma da violência colonial."
Assim, Arjan Martins perpassa campos semânticos diversos e deixa equações simbólicas em suspensão para serem interpretadas e reinterpretadas. Miyada atesta, "há uma sabedoria implícita em seu trabalho cujo projeto poético prevê a ampla navegação das águas do oceano negro, seja transitando entre períodos históricos, seja viajando entre diferentes latitudes e longitudes banhadas pelo tráfico escravagista."*Parte de trechos extraídos do texto Negro Oceano de Paulo Miyada escrito para o livro Arjan Martins da editora Cobogó
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A Gentil Carioca, a Orla Rio e o projeto Alalaô apresentam:
Paralelamente ao espaço presencial da galeria, como ação externa e pública da mostra, em parceria com o Alalaô (uma mobilização artística-política-afetiva, que leva às praias do Rio de Janeiro intervenções, performances e diversas ações artísticas), Arjan Martins transporta para Ipanema as instalações de birutas, expondo aparelhos destinado a indicar a direção dos ventos, que fundem-se as bandeiras marítimas e seus códigos internacionais para transmitir mensagens entre embarcações e portos, que revelam significados específicos e possibilitam ao espectador uma leitura sensível de termos técnicos.
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Conheça mais sobre o artista
Arjan Martins | Descompasso Atlântico
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