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Uma criança da américa do sul precisou fazer uma longa viagem e colocar em sua mochila obras de arte que contariam sobre as coisas de seu tempo. Ela teve que escolher apenas 10 obras de seus artistas preferidos, foram eles: Arjan Martins, Jarbas Lopes, João Modé, Marcela Cantuária, Maria Nepomuceno, Rodrigo Torres e Vivian Caccuri.
A criança nos explicou que a herança cultural do sul global é uma intransponível trama de elementos simbólicos dos diferentes saberes, vindos dos povos indígenas, de africanos e de europeus que aqui chegaram. Em tom otimista, acreditava que os artistas que escolhera se debruçavam sobre o embrenhado simbólico dessa trama e reivindicavam o papel cultural e estrutural de uma diversidade necessária que, por causa da arte, eram belos exercícios de construir horizontes e pensar nas vidas coletivas e zelar pelas diferenças.
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As urgências das crises urbanas e ambientais impuseram enfermidades que desafiam as condições humanas. Os mosquitos, por exemplo, que provocam a febre, tema do trabalho de Vivian Caccuri, nos mostram como as febres tropicais podem ser indícios do arcabouço político e das marcas severas que a colonização nos deixou. No intercurso de restaurar saberes e identidades invisibilizados; a natureza, a mulher, o afro-brasileiro e o indígena surgem como componentes centrais discutidos por outros artistas que a criança também levava na mochila, como Marcela Cantuária, Maria Nepomuceno e Arjan Martins. Assim como a tecitura é uma possibilidade de construir beleza e escritas, quando muitas das origens das diversas línguas do sul são apenas orais e visuais.
Para explicar, retirou do bolso, uma fruta e dividiu em partes iguais, mostrou que as sementinhas eram ideias que tinham jeitos distintos dentro daquele fruto. As sementinhas eram o fruturo. E que a viagem seria boa e feliz por causa disso.
(fruturo, palavra inspirada em uma fala de Célia Xakriabá)
A Viagem da Criança
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