Laura Lima completa 30 anos de carreira e prepara retrospectiva em Barcelona

Eduardo Vanini, O Globo, 31 Jul 2022

Para adentrar o universo de Laura Lima é preciso cruzar a fronteira da zona de conforto. Nada é entregue de mão beijada. Há sempre um emaranhado de ideias que exigem paciência e atenção dos observadores. Referenciada em algumas publicações como a primeira artista brasileira a ter obras adquiridas na categoria performance por um museu no país, no caso o Museu de Arte Moderna de São Paulo, ela sequer reconhece seus trabalhos como tal. “Até hoje, acontece de um documento ou outro chegar a mim referindo-se à minha obra dessa maneira. Quando ocorre, devolvo para a instituição”, diz a artista, mundialmente famosa pelos trabalhos “vivos”, em que pessoas viram matéria.

Com três décadas de carreira completados este ano, enquanto prepara uma retrospectiva para o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, prevista para março, a artista, de 51 anos, fala sobre isso sem qualquer alteração no tom de voz ou impaciência. Tem uma calma embebida na mineiridade de quem nasceu em Governador Valadares. Foi lá que aprendeu a questionar. Filha de uma socióloga e de um médico, cresceu num ambiente rico em debates políticos, ao mesmo tempo em que passava horas entretida com os livros sobre doenças do pai. Nesse mesmo contexto, experimentou uma virada de chave definitiva quando um de seus dois irmãos sofreu um surto psicótico. “A maneira como ele começou a lidar com a linguagem era bastante difícil, mas também fascinante, sem querer romantizar”, narra. “Você começa a perceber que a forma como constrói as ideias tem muitas fragilidades. E isso passou a ser um exercício cotidiano.”

 

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