Denilson Baniwa leva para Octógono da Pinacoteca estrutura onde línguas e culturas indígenas do Brasil serão ensinadas
Para a sua primeira exposição individual num museu, Denilson Baniwa optou por não mostrar pinturas ou fazer uma de suas performances. O trabalho que ele apresenta a partir de sábado no Octógono da Pinacoteca, em São Paulo, faz o espectador se perguntar qual é a sua proposta de arte.
Trata-se de uma estrutura de três andares feita de metal e madeira, com duas grandes velas laterais de pano que remetem às asas de uma borboleta. Em cima de tudo, um círculo estampado mostra o ciclo de vida de uma mariposa. A instalação é alta — quem está no topo consegue ver parte do acervo do museu exposto no último andar.
Dentro deste grande casulo vão acontecer aulas das línguas baniwa e guarani e de cultura, pensamento e história indígena do Brasil, abertas para o público. No último andar, músicos indígenas poderão compor, ensaiar e se apresentar para os visitantes.
Mas a "Escola Panapaná", como se intitula a obra de arte, também é um espaço aberto à espontaneidade, ou seja, o próprio Baniwa pode aparecer por ali ao acaso e conduzir uma atividade com o público, ou os visitantes podem fazer da estrutura um ponto de encontro para conversar e namorar, diz o artista.
Indígena do povo baniwa, comunidade do Amazonas que habita as margens do rio Negro, próximo da fronteira com a Colômbia e a Venezuela, o artista teve papel fundamental nos últimos anos ao fazer o circuito de museus e galerias integrar em sua programação a arte de povos originários.