MOSQUITO ALSO CRY
Mosquito also cry é uma performance que desenvolvi na residência Delfina Foundation, em Londres. Eu tentei explicar por que as pessoas odeiam tanto o som do mosquito. É muito interessante porque tentei buscar significados tanto culturais quanto teóricos do campo da música e da psicanálise. Era uma performance de mais ou menos 40 minutos na qual eu usava vídeo e exemplos musicais e também um software que eu mesma programei para simular o som do mosquito para tentar colocar hipóteses do porquê esse som ser tão universalmente odiado.
Assim, cheguei a algumas conclusões. Tudo é um pouco não ciência, uma ciência Do it yourself. E é fascinante esse choque de conhecimentos que acontecem dentro dessa performance, como por exemplo a psicanálise, que encontra a teoria musical e encontra também razões biológicas e evolutivas desse barulho do mosquito. No final, o resultado é bem engraçado.
MOSQUITO ALSO CRY
Mosquito also cry é uma performance que desenvolvi na residência Delfina Foundation, em Londres. Eu tentei explicar por que as pessoas odeiam tanto o som do mosquito. É muito interessante porque tentei buscar significados tanto culturais quanto teóricos do campo da música e da psicanálise. Era uma performance de mais ou menos 40 minutos na qual eu usava vídeo e exemplos musicais e também um software que eu mesma programei para simular o som do mosquito para tentar colocar hipóteses do porquê esse som ser tão universalmente odiado.
Assim, cheguei a algumas conclusões. Tudo é um pouco não ciência, uma ciência Do it yourself. E é fascinante esse choque de conhecimentos que acontecem dentro dessa performance, como por exemplo a psicanálise, que encontra a teoria musical e encontra também razões biológicas e evolutivas desse barulho do mosquito. No final, o resultado é bem engraçado.
TRANSPLANTE DE ALMA
Neste trabalho, relaciono o som do mosquito com um som de um órgão de igreja. Foi feito em outra residência, em um conservatório no Norte da Suécia e lá eu tive acesso a um dos maiores órgãos da Escandinávia.
Eu compus uma peça para o órgão me baseando nas flautas de pífano – que são flautas folclóricas brasileiras. Eu me fundamentei nessas harmonias para combinar e conversar com o som do mosquito. É um contraste muito grande porque tem o som do órgão, que é essa coisa grandiosa e institucional que parece querer nos levar para outro lugar como se fosse uma nave, um veículo. E no outro ponto está o som do mosquito, que é o oposto do belo, e o considero feio. E o mosquito é essa coisa pequena que está sempre próximo do nosso corpo e nos lembrando da nossa mortalidade. Assim, eles estão em extremos opostos. O órgão quer nos levar para uma espécie de vida eterna e o mosquito acabar com ela. Essa instalação de grande porte foi comissionada e exibida no Röda Sten, Studio Acusticum e Norbotten Resurscentrum för Konst e tinha o tempo de 35 minutos sincronizando com movimentos de cor e luz com uma espécie de programação de luzes de teatro dentro de uma grande galeria.
SESMARIA SOUNDSYSTEM
Dentro dessa mesma pesquisa que eu fiz para o trabalho do órgão, acabei chegando à História do Brasil. E a história está intimamente ligada às plantações de açúcar. Os mosquitos cruzaram o Atlântico com os navios negreiros e se reproduziram de forma totalmente descontrolada nas plantações de açúcar. Era um problema que juntava desfloramento com plantação de açúcar onde naturalmente tinham muitas poças de água, inundação e açúcar. O açúcar é o alimento do mosquito macho, enquanto as fêmeas se alimentam de sangue. Então achei muito interessante pensar que essa vontade pelo açúcar, essa sensação que o açúcar nos traz, acabou gerando uma mudança ambiental tão gigantesca a ponto de termos uma população tão enorme que é quase irreversível, quase impossível chegar ao ponto onde estávamos antes daquilo.
Neste trabalho, há seis caixas de som feitas de rapadura maciça, eu e meus assistentes derretemos aproximadamente entre 100 a 200 quilos de rapadura e ela serviu de gabinete para ser uma caixa de som. Eu instalei o alto-falante e toda fiação e circuito de uma caixa de som dentro dessa caixa maciça de rapadura.
Sesmaria Soundsystem foi exposta na minha exposição Febre Amarela, na galeria A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro, e essas caixas de som tocam uma composição eletrônica feita por mim que mistura sons reais de mosquito processados e transformados em som de folhagens de plantação de açúcar.
SANTUÁRIO DO MOSQUITO
Este foi um trabalho comissionado para Bienal de Kochi-Muziris em Kerala, na Índia. Nele, eu penso em uma espécie de mito, um lugar e um momento fictício onde o ser humano e os mosquitos se encontraram e o que acontece a partir disso.
Eu ocupo uma sala com uma tela de mosquito bordada com desenhos que eu fiz e com um Soundsystem feito de concreto (bem parecido com o de rapadura) e uma escultura feita de lâmpadas que atraem mosquito dentro da sala. É uma luz azul que tem uma frequência que atrai esses mosquitos. Nesse Soundsystem, fiz uma composição que usa frequências próximas das frequências das fêmeas, sendo um atrativo para mosquitos machos. Isso inclusive realmente pode acontecer com um alto-falante, que atrai o próprio mosquito se ele está imitando o som das fêmeas.
Nessa rede de mosquitos bordada, que se chama Mosquito Shrine – cujo desenvolvimento será mostrado no IAC Miami –, eu mostro o encontro dos mosquitos com os homens por meio da agricultura. Tem uma menção gráfica à agricultura no meio dessa tela e os mosquitos estão todos se reproduzindo de um lado da tela e de outro lado eu ocupo com figuras humanas totalmente diversas, cada uma com seus formatos, suas expressões, suas cores, pensando que os mosquitos também interferiram nessa evolução natural do homem. Por exemplo, a malária selecionou vários traços genéticos que populações inteiras têm, então eles são uma espécie de design do ser humano, junto com outras coisas. Dentro desse desenho, há uma proposta desse encontro de espécies – mosquito e ser humano – e também essa mudança que acontece em termos de forma no nosso corpo, devido a esse encontro, e, dentro dessas mudanças, podemos pensar em muitas coisas que fazemos hoje e têm a ver com isso. Especialmente como a natureza interfere nas nossas formas de ser e estar e nas expressões do nosso corpo.