Rupturas democráticas e bandeiras do Brasil. Cerceamento dos direitos humanos, apologia à ditadura, militarização da sociedade e bandeiras do Brasil por toda parte. A obra Andar de cima, de Renata Lucas, foi criada no entre turnos das eleições de 2018 como parte da mostra-manifesto Rejuvenesça!, que marcou uma urgência de posicionamento e ação.
Cravado dentro da Casa do Povo, um mastro de ferro atravessa dois pisos do prédio para que, enorme e murcha, a bandeira do Brasil apareça no segundo andar. Diferentemente de bandeiras hasteadas a céu aberto, a obra coloca o visitante numa estranha situação de intimidade com a bandeira, numa perspectiva frontal, ao alcance das mãos, sob curta distância dos olhos, no interior do salão. O deslocamento de perspectiva desloca também uma série de elementos e valores ligados à construção de um símbolo nacional e de seu uso ideológico no dia a dia. Presa dentro da Casa do Povo sem a mediação que glorifica nem o vento que sopra, uma melancolia profunda se faz ver e nos lembra, mais uma vez, que o monumento da civilização é também monumento da barbárie.