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Vivian Caccuri propõe a realização da Caminhada Silenciosa em Veneza, uma experiência de deriva urbana, que possibilita um convívio de oito horas sob voto de silêncio entre vinte pessoas que não se conhecem. Um intinerário/performance, realizado anteriormente no Rio de Janeiro, que a artista transpõe para Itália, reunindo lugares com intensa atividade sonora, construções que abrigam sons constrastantes, terraços de edifícios, caminhos subterrâneos, vizinhanças isoladas e espaços religiosos. A experimentação abraça as possibilidades de similaridade entre “lugar” e “pessoa”, comportamento acústico e personalidade, escuta e nado.
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Este caminho investiga diferentes densidades de ocupação humana em Veneza. Observando que a cidade oferece rotas alternativas que são usadas mais frequentemente por moradores, proponho um percurso que justapõe áreas de grande concentração de turistas às pequenas vielas e becos onde a circulação é rara. Desta forma, a sensação sonora se torna ritmada sob a presença e ausência do turismo, provocando diferentes estados de alerta, descontração e contemplação nos participantes. Os contrastes entre exposição e privacidade, lazer e recolhimento, serão invocados durante todo o caminho.
Na plataforma do Google Maps consegui fazer o desenho e as instruções de onde deveríamos ir e o que faríamos em cada um desses locais.
O percurso que proponho tem 6.8km, com 8 horas de duração. Nesta intensidade, é possível escolher locais de parada onde o grupo poderá descansar ou simplesmente permanecer ocioso por alguns minutos. Nestes intervalos é onde normalmente realizo performances sonoras com equipamentos portáteis de som, ou organizo colaborações com artistas, dançarinos ou músicos participantes na caminhada.
Apesar do desenho do percurso; uma vez que eu faça a pesquisa na cidade, as novas percepções me levam a variar e adaptar o roteiro inicial. O também trajeto atravessa diversas propriedades privadas com as quais eu também tentaria estabelecer um diálogo com o objetivo de conseguir permissões para nossa visita.
Eu já havia feito algumas dezenas de caminhadas silenciosas no Rio de Janeiro e em algumas cidades do exterior, mas esta de Veneza era diferente.
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abaixo deixo algumas referências de outros trabalhos que dialogam com a proposta:
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Artista brasileira, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Vivian Caccuri experimenta o som em composições incomuns que desorientam o arranjo convencional das experiências cotidianas. Aparelhagens de som, microfones, auto-falantes, cabos, correntes, redes, lâmpadas e velas são alguns materiais presentes em suas instalações e performances que movimentam camadas visíveis e invisíveis, audíveis e inaudíveis. As investigações de Vivian tangenciam o corpo, a memória e a história, e a partir da composição de instalações escultóricas e trilhas – sincronizadas com elementos específicos de cada uma de suas pesquisas – a artista constrói objetos que podem ser vestidos, delicadas telas costuradas e entrecruzadas com fios e linhas, pedras e contas, que figuram paisagens misteriosas, além de esculturas sonoras que emanam ora delírios, ora ruídos, ora melodias e mantras. Em suas obras – bi, tridimensionais e com o som – seus materiais são maleáveis por um período que pode, ou não, alcançar uma rigidez, e vice-versa. Vivian utiliza ferramentas de desbaste, sua música conecta dimensões temporais que cavam o espaço. O peso, o volume e o equilíbrio – caros a questões escultóricas – corporificam as experimentações da autora e suas criações, que variam em escala, das mais imperceptíveis a produções altamente vociferantes.
[Saiba mais: https://viviancaccuri.net/]
Em 2020, participou do núcleo "Movimentos sociais e Futuro Feminista" da exposição Seismic Movements, na quinta edição do Dhaka Art Summit, em Bangladesh, na Índia e das exposições coletivas "Mecarõ - Amazonia in the Petitgas Collection", realizada pela MO.CO. Montpellier Contemporain, na França e “Brasil! Foco na Arte Contemporânea Brasileira”, no Museo Ettore Fico, em Turim, Itália. Ainda em 2020, participará de uma exposição no Institute of Contemporary Art, Miami (ICA Miami) com uma obra comissionada pela própria instituição, e da exposição coletiva "And Say The Animal Responded?", na FACT, em Londres, Reino Unido. Em 2019, exibiu as individuais “Febre Amarela”, na galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, “O Xarope do Novo Mundo & A Mão da Febre (New World Syrup & A Fever Hand)” na EartH Gallery, Londres, “A Soul Transplant” no Röda Sten Konsthall, Gotemburgo, Suécia e participou das coletivas “The Fever of Yellow” na Serpentine Gallery, em Londres e foi uma das finalistas do Prêmio Marcantônio Vilaça. No ano de 2018 suas individuais foram “Água Parada”, Museu de Arte Contemporânea de Niterói e na Galeria Leme, São Paulo e as coletivas foram “Mosquito Shrine” no Fort Kochi Muziris Biennale, Kochi, India, “11º Bienal do Mercosul” em Porto Alegre e “Ojalá” no Carlsbad Museum, Carlsbad, EUA. Em 2017 participou das coletivas “Vivemos na melhor cidade da América do Sul” na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, “Charivaria” no CentroCentro, Madri, “Sonic Rebellion” no Museum of Contemporary Art of Detroit, EUA, “Buried in the Mix” no MEWO Kunsthalle, Memminghen, Alemanha, “Festwochen”, em colaboracão com Daniel Lie em Vienna, Áustria, “Future Generation Art Prize” no Palazzo Contarini Polignac (paralela à Bienal de Veneza), “Atlântico Negro” no Instituto Goethe, Rele Gallery em Lagos, Nigéria e “Future Generation Art Prize” no Pinchuk Art Center, Kiev, Ucrânia.
As obras de Vivian Caccuri integram as coleções da `Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Pérez Art Museum Miami, EUA e ICA Miami, EUA.