Botner e Pedro | Abrigo
Colcha de retalhos é costura, restos tecidos por uma ou mais pessoas enquanto a memória conversa.
O cinema sempre foi montagem, tesoura, corte e cola na tentativa de implicar a memória do espectador em fios narrativos. "A memória é como uma ilha de edição" (Wally Salomão). Como no cinema dos primeiros tempos, Marcio Botner e Pedro Agilson sempre fixaram o fragmento de um filme expandindo o efeito de movimento na fotografia entre planos intermitentes.
Na instalação Abrigo os artistas celebram o cinema como acolhimento.
Abrigo, como em Gimme Shelter dos Rolling Stones, hospeda os medos, as fantasias e os conflitos do visitante. E nós cada vez mais editados como Frankensteins permanecemos suspensos nas asas de nossos desejos.
O olho do artista funciona como o nó de uma rede de relações de um plano acentrado em que o sentido das imagens se multiplicam envolvendo o espectador nas várias superfícies de imagens estendidas.
00 olhar
01 amor e sexo
02 celebração
03 conflitos
04 medos e fantasmas
05 ser ou não ser
06 sonhos e fantasias
07 viver
O olho sempre no centro como marca daquele que vê e que é visto e que sobretudo vigia todos os filmes que passaram, que passarão, enquanto estamos ao abrigo da duração suspensa a nos acolher. Como em uma colcha de retalhos de memórias do cinema projetadas no escuro das salas iluminadas por um fio de luz que insiste em passar uma imagem de cada vez.
André Parente e Katia Maciel, 2017