Abre Alas 6
André Amaral, Bárbara Wagner, Bruno Jacomino, Bruno Vilela, Catarina Lira Pereira, Coletivo Filé de Peixe, Elvis Almeida, Estúdio Móvel Experimental, Felipe Fernandes, Gabriel Colaço, Isabela Sá Roriz, Luiz Roque, Nicolas Grum, Rafael Adorján, Raoni Moreno, Ricardo Villa, Sergio Zevallos, Vijai Patchineelan
Curadoria de Beatriz Lemos, Felipe Scovino, Guga Ferraz
Por que o novo?
A novidade e a diferença têm sido os motes da engrenagem do circuito de arte no que se compreende como estágio da contemporaneidade. Em vários momentos, o novo substitui a força poética como juízo de valor para determinada obra. Mas onde está o novo? Nos jovens (ou emergentes) artistas? Em obras recém produzidas? Ou nos trabalhos de artistas que atingiram uma maturidade em suas trajetórias, seja há 30, 20 ou 10 anos, e continuam produzindo em perfeita síntese e amplitude poética? Talvez a resposta seja o acúmulo dessas experiências ou a possibilidade real e concreta de não limitar o novo a uma questão de faixa etária ou histórica.
Há 6 anos a galeria A Gentil Carioca promove, por meio do Abre Alas, não uma busca pelo novo, mas pela diversidade e experimentação sem apelar para fatores de identidades nacionais. Em todas essas exposições, o novo não se colocou como sinônimo de exotismo mas possibilidade de leitura e permanente testemunho do tempo em que vivemos. Nunca foi uma preocupação do Abre Alas, mapear ou instalar definições originais de mídias ou temas para uma suposta "nova arte brasileira". Quando recebemos o convite da Galeria para sermos os curadores dessa Edição, instintivamente seguimos essa direção (talvez pelo fato de dois de nós termos sido público do Abre Alas e o outro artista) e nos guiamos por uma rede intricada de experiências, símbolos e afetos que eram "escolhidos" pela capacidade de gerarem ressonâncias poéticas que pudessem desestabilizar o fato de serem apenas objetos ordinários.
Desde o início do Abre Alas, o seu respectivo jornal abrangendo um diálogo entre o artista e um (ou mais) convidado(s) é publicado. Nessa trama de construção de ideias e conceitos, o lugar da entrevista ou do discurso do artista é colocado em consonância com a sua própria posição de articular política e esteticamente um território para a sua obra. Para essa Edição (e criando desvios poéticos nessa articulação), elaboramos o jornal como um livro de artista. Cada um deles, teve a liberdade de decidir, em uma página, o seu exercício de criação. Nessa escolha permeada por entrevistas, imagens de obras, textos, escritos, ensaios e outros devires, o jornal transformou-se em uma possibilidade de permanência e memória do marco de investigação e experimentação à qual estes artistas estão compromissados.
A edição número 6 do Abre Alas caminha pela descoberta e evidência de que a arte "brasileira" é um engano. Não produzimos algo mestiço ou exótico mas fundamentalmente transmissões subjetivas que são captadas por seres e lugares transnacionais. Mesmo em situações onde determinada obra desse Abre Alas possa remeter a uma brasilidade, ela estará rindo sarcasticamente da sua própria imagem e condição.
Gentis saudações,
Beatriz Lemos
Felipe Scovino
Guga Ferraz