Abre Alas 9
Bet Katona, Bruno Baptistelli, Bruno Senise, Camila Soato, Fábia Schnoor, Frederico Filippi, Gabriel Secchin, Gustavo Torrezan, Ícaro Lira, Jaime Lauriano, Juan Parada, Leonardo Akio, Oscar Barbery, Patricio Gil Flood, Rafael Perpétuo, RG Faleiros, Silvio de Camillis Borges
Curadoria de Alexandre Sá, Daniela Castro, João Modé
O Abre Alas é um carro alegórico que inaugura o desfile de uma escola de samba e que impressiona o público para que a atenção se estabeleça ao longo de todo o tempo. Também tem por objetivo ser o primeiro instante útil para a narrativa que será contada através de todos os seus componentes. É precedido apenas pela comissão de frente que, de maneira formal, apresenta a escola e abre os caminhos.
Aqui nesta micro comissão de frente, somos três. Três integrantes que têm por objetivo se deslocar da posição por vezes autocrática de curadores para que possamos mergulhar em uma exposição que também fraturará alguma narrativa e tentará construir pequenas atmosferas poéticas esfaceladas e universos recônditos. Ao longo de alguns poucos encontros presenciais e de muito trabalho online, olhamos com cuidado os infinitos portfólios recebidos de todas as partes do Brasil e do exterior; e aos poucos, fomos conseguindo vencer a tarefa hercúlea de escolher alguns artistas para compor esta edição do Abre Alas de 2013.
Tarefa infinita porque para além da quantidade absoluta de portfólios, a qualidade dos trabalhos era a mais plural possível. Em virtude do desejo de expor em uma galeria renomada, o conjunto do material recebido era enorme e, obviamente, nem sempre conseguia considerar as prerrogativas para a produção de um trabalho de arte.
E como talvez já não haja mais um conglomerado de prerrogativas para a produção contemporânea, conseguimos nos aproximar da melhor parte do processo de seleção: a liberdade. A diversidade excêntrica de propostas terminou nos eximindo de uma responsabilidade absoluta de coerência sisuda. E eis o nosso samba.
O resultado na quarta-feira de cinzas? Ainda não sabemos. Estamos escrevendo no começo de janeiro e embora já tenhamos escolhido os artistas e as obras, a montagem só acontecerá daqui a quinze dias e será lá, através do diálogo, contágio e contaminação que poderemos saber (ou sentir talvez?) se as apostas foram justas e se a escola realmente desfilou com alguma honra na avenida.
Por outro lado, sabemos que diante de uma cidade historicamente caótica e assumidamente desordenada, diante de janeiros inundados e algumas histórias de assassinato, diante de uma tradição assumidamente política de hipocrisia de representação, não haveria como não sermos banguelas, como não sambarmos descalços e quase nus de vergonha, como não explorarmos a arquitetura manca (e não menos sedutora) de um espaço em eterna desconstrução. E é na marcação silenciosa do nosso surdo mais surdo que comporemos nossa doce desarmonia. Então que venha mais suor, cerveja e caos.
Alexandre Sá, Daniela Castro e João Modé