Por: Nô Mello (Vogue)
O nome de Sallisa Rosa vem ecoando forte no circuito das artes desde que foi finalista do Prêmio Pipa em 2020 e 2022, mas, neste mês, a artista goiana promete fazer ainda mais barulho. Ela faz parte da programação da Art Basel Miami Beach, onde apresenta sua nova instalação de cerâmica Topografia da Memória na rotunda do Collins Park em Miami Beach, do dia 5 ao 17.12.
Inédita, a obra é composta por mais de 70 formas feitas à mão, que vão de esferas suspensas no ar a totens de estalagmites saindo do chão, e foi encomendada pelo programa de arte Audemars Piguet Contemporary, com a equipe curatorial interna da marca suíça trabalhando em estreita colaboração com o curador convidado Thiago de Paula Souza. “Trabalho muito com a terra em suas várias materialidades, seja cerâmica ou também construção e outras práticas”, diz a artista, atualmente representada pela galeria A Gentil Carioca. “Topografia da Memória marca a primeira vez em que trabalho com cerâmica nesta escala”, emenda ela, que também tem seu trabalho destacado no setor Kabinett, dentro da Art Basel Miami Beach.
Nascida em Goiânia (GO), Sallisa vive e trabalha no Rio de Janeiro, e acaba de realizar uma residência artística na Rijksakademie, na Holanda. Em sua trajetória, explora diferentes suportes e tem como ponto central de sua produção o comprometimento com práticas que visam a participação e a partilha de conhecimento. A artista colabora com diferentes comunidades e utiliza o barro que recolhe em suas viagens como material que remete a uma ligação única com a terra e a tradição oral. “A terra é um lugar de memória. Se a gente for coletá-la e pesquisá-la, vai estar registrado quem viveu nela, quem plantou o quê, o que aconteceu naquela terra, sua idade e por aí vai”, defende. “A argila coletada é um material que ativa essa memória”, completa Sallisa, que, depois da Basel, apresenta a obra em exposição individual na Pinacoteca Contemporânea de 16/03 até 28/07.
Publicada originalmente em 5 dez. 2023, na Vogue Brasil