Realizado na Ilha do Marajó em coprotagonismo com o búfalo Mimoso, a ação integra a pesquisa que a artista vem desenvolvendo sobre a presença do corpo feminino em contraposição a uma sociedade que se orgulha da virilidade e do falocentrismo. Amarrada ao animal e arrastada pela areia da praia do Pesqueiro no arquipélago do Marajó, ciente que após a ação o búfalo seria castrado, a artista incorpora a castração do animal à obra comendo seu testículo cru embebecida por uma paisagem singular. Como num transe provocado pelo contexto, incorporando a virilidade que fora arrancada do animal, num ato – mais canibal que piedoso – de perpetuação de sua energia libidinal. Deslocando assim, uma prática brutal de castração realizada cotidiana mente na ilha, para um gesto artístico que sublinha a violência entre as diversas formas de existir.

Held on Ilha do Marajó in co-protagonism with the buffalo Mimoso, the action is part of the research that the artist has been developing on the presence of the female body in opposition to a society that prides itself on virility and phallocentrism. Tied to the animal and dragged across the sand at Pesqueiro beach in the Marajó archipelago, aware that after the action the buffalo would be castrated, the artist incorporates the animal's castration into the work, eating its raw testicle soaked in a unique landscape. As in a trance provoked by the context, incorporating the virility that had been torn from the animal, in an act – more cannibal than pious – of perpetuating its libidinal energy. Thus, shifting a brutal practice of castration carried out daily on the island, to an artistic gesture that underlines the violence between the different ways of existing.