Sobrecéu faz referência à trama formada pelas copas das árvores, que, como uma pele, delimita o espaço entre o que está acima e abaixo delas, criando uma fronteira fluida entre o céu e a terra. Essa matriz, ou diafragma dinâmico, permite que a luz do sol atravesse, seja filtrada e toque o chão. A obra busca gravar esse instante na superfície do metal, segurando no tempo algo tão inapreensível, silencioso e efêmero, em sua eterna repetição.

O alumínio torna-se sensível à luz devido à sua emulsão azul, que muda de cor com o passar do tempo. Antes dessa transformação, a chapa original, ainda azul, é fotografada. O trabalho final é apresentado como um díptico: a imagem à direita é a própria chapa que foi colocada sob a árvore, gravada pela luz e que continua a se transformar ao longo do tempo; já a imagem à esquerda é sua memória, preservando o azul inicial do momento em que a chapa foi gravada.

Duas imagens quase idênticas que refletem tanto suas semelhanças quanto suas diferenças. Assim como o ato de olhar para o chão e encontrar uma imagem que se parece com o céu, elas evocam a geometria imperfeita sugerida pela obra. O olhar que busca o mínimo e o íntimo acaba também por encontrar o macro e o infinito.


[Overhead refers to the web formed by the treetops, which, like a skin, delimits the space between what is above and below them, creating a fluid boundary between heaven and earth. This matrix, or dynamic diaphragm, allows sunlight to pass through, be filtered and touch the ground. The work seeks to record this instant on the surface of the metal, holding in time something so inapprehensible, silent and ephemeral, in its eternal repetition.

The aluminum becomes sensitive to light due to its blue emulsion, which changes color over time. Before this transformation, the original plate, still blue, is photographed. The final work is presented as a diptych: the image on the right is the plate itself that was placed under the tree, engraved by the light and which continues to transform over time; the image on the left is its memory, preserving the initial blue of the moment when the plate was engraved.

Two almost identical images that reflect both their similarities and their differences. Just like the act of looking at the ground and finding an image that resembles the sky, they evoke the imperfect geometry suggested by the work. The gaze that seeks the minimal and the intimate also ends up finding the macro and the infinite.]