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Obras
Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, 1990)
Artista brasileiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua poética urbana consiste na construção de narrativas e cenas estruturadas a partir de suas experiências cotidianas na cidade e na Rocinha, favela que destaca-se por ser a maior e mais populosa do país, com cerca de 70 mil habitantes, localizada na zona sul na cidade Rio de Janeiro. Maxwell Alexandre explora imagens que vão além de uma mera interpretação do real. Não apenas sobre tela, mas em papel, sobre lonas de piscina, portas de madeira e esquadrias de alumínio, materiais que reutiliza como alicerce para sua construção estética, o artista pinta cenas e ações diárias da favela, corpos pretos em momentos de confrontos e situações de empoderamento. Na transposição para o campo pictórico, seus trabalhos figuram conflitos da comunidade com a polícia, a dizimação e encarceramento da população negra, a falência do sistema público de educação e outras circunstâncias de sua vida e de seu local de nascimento, a Rocinha. Entre monumentos da cidade, arquiteturas e paisagens, as circunstâncias da obra de Maxwell se ressignificam através de símbolos de poder como super-heróis, videogames, brasões militares, logos e bandeiras da cidade e marcas globais de desejos pueris, como Danone e Toddynho. Imagens potentes que se transformam com a capacidade criativa do artista em se comunicar com o espectador de forma urgente, séria e ao mesmo tempo jocosa, como a série “Pardo é Papel”, constituída de obras em formato monumental. Nesta série, que se configura como um conjunto de pinturas expandidas para o campo político, Maxwell aborda a ancestralidade africana e o empoderamento da sociedade brasileira contemporânea proveniente das favelas. As cores e elementos presentes nos desenhos intensificam o contraste entre os corpos pretos em posições de poder e o papel, que dá nome a uma cor antes usada para velar a negritude. “Pardo”, era o termo encontrado nas certidões de nascimento, em currículos e carteiras de identidade de negros, porém, nos dias de hoje, com o crescimento dos debates, a tomada de consciência sobre o racismo, as reivindicações e as grandes mudanças ocorridas no glossário político dos últimos 10 anos, os negros passaram a projetar suas vozes, a se entender e se orgulhar do que se é, entendendo que o termo foi usado em prol de um embranquecimento da raça. Além de seus estudos de arte e de sua temporada como patinador profissional, entre os 14 e 26 anos, Maxwell, juntou-se a um grupo de artistas e designers e criaram sua própria igreja não-denominacional, A Igreja do Reino da Arte ou A Noiva - que tem como fé e caminho o processo artístico para acessar o divino. Qualquer produção do artista dentro desta religião pode ser entendida como oração, assim como qualquer espaço, onde esse fazer opera, pode ser entendido como templo: ateliês, casas e rua. Artistas são apóstolos, profetas, santos e pastores. Para exercício dessa fé na arte, realizam cultos, rituais e cerimônias que vão de Batismos, Peregrinações, Oferendas até Santa Ceia e o Pecadão - as famosas festas.
Brazilian artist, lives and works in Rio de Janeiro. His urban poetics consists in a construction of narratives and scenes based on his daily experiences in the city and in Rocinha, a favela that stands out for being the largest and most populous in the country, with about 70 thousand inhabitants, located in the south zone of Rio de Janeiro city. Maxwell Alexandre explores everyday images that go beyond a mere interpretation of reality. Not only on canvas, but on paper, on pool canvases, wooden doors and aluminum frames, materials that he reuses as a foundation for his aesthetic construction, the artist paints scenes and daily actions from the favela, black bodies in moments of confrontation and situations of empowerment. In the transposition to the pictorial field, his works include community conflicts with the police, the decimation and incarceration of the black population, the bankruptcy of the public education system and other circumstances of his life and his birthplace, Rocinha. Among the city's monuments, architecture and landscapes, the circumstances of Maxwell's work are resignified through symbols of power such as superheroes, video games, military badges, city logos, flags and global brands of childish desires, such as Danone and Toddynho. Powerful images that transform itself with the artist's creative ability to communicate with the audience in an urgent, serious but at the same time in a tricky way, like the series “Pardo é Papel”, consisting of works in monumental format. In this series - which is configured as a set of paintings expanded to the political field -, where Maxwell addresses the African ancestry and the empowerment of contemporary brazilian society from the favelas, the colors and elements present in the drawings intensify the contrast between the black bodies in positions of power and the paper, which gives name to a color that was used to hide blackness. “Pardo”, was the term found on birth certificates, in resumes and identity cards of black people of the past, however, nowadays, with the growth of the debates, the awareness of racism, the demands and the changes in the political glossary of the last 10 years, blacks started to project their voices, to understand and be proud of what they are, understanding that the term was used in favor of a whitening of the race. In addition to his art studies and his time as a professional skater, between the ages of 14 and 26, Maxwell joined a group of artists and designers and they created their own non-denominational church, “The Church of the Kingdom of Art” or “The bride”. That has as it´s faith and path the artistic process to access the “divine”. Any artist's production within this religion can be understood as prayer, just as any space where the artist’s doing opera, can be understood as a temple: ateliers, houses and streets. Artists are apostles, prophets, saints and ministers. To exercise this faith in art, they hold services, rituals and ceremonies ranging from Baptisms, Pilgrimages, Offerings, Holy Suppers and “Pecadão” - the famous big sin festivals.