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Obras
Arjan Martins (Rio de Janeiro, 1960)
Artista brasileiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. São latentes nas obras de Arjan Martins conceitos sobre migrações e outros deslocamentos de corpos e presenças entre espaços de luta e poder, o artista desenvolve uma técnica pictórica ímpar durante o processo de construção de suas telas e aborda as diásporas e os movimentos coloniais que se deram em territórios afro-atlânticos. Arjan elabora uma análise artística em tempo supra-real, sua imagética e a expressão de suas pulsões trabalham e reagem aos símbolos do período das expansões marítimas e da escravidão dos corpos negros, como a caravela, o globo terrestre em disputa, os africanos escravizados e as ferramentas de navegação como marcas desse tempo. Seus desenhos e croquis se intensificam e se fundem aos gestos largos e expandidos que ultrapassam o fluxo da mão do artista. O diálogo com o anacronismo do tempo é visível, suas pinturas vão além de rastros do passado e se tornam ensejos das cinzas de um tempo cíclico. Como em “Ágatha", uma pintura onde Martins cria um retrato de benção e despedida familiar a partir da história de uma criança baleada pelas costas na Favela do Alemão, Rio de Janeiro, em outubro de 2019, quando voltava para casa com sua mãe em uma Kombi e cruzaram uma violenta operação policial. Uma crítica a infância interrompida e ao apartheid cometido pelo poder institucional - que vem matando centenas de corpos negros em todo o Brasil. A tela "Ágatha", assim como outros trabalhos do artista, revelam reivindicações políticas a partir do espaço pictórico. Equidade de direitos para os corpos negros, o direito básico a creches, parques, bibliotecas e transportes figuram nas telas de Arjan como imagens da ausência. A arte é um meio de comunicação e de demandas sociais para o artista, que pinta o direito à vida através de representações carregadas de significados.
Brazilian artist, lives and works in Rio de Janeiro. Concepts about migration and other displacement of bodies and presence between spaces of struggle and power are latent in the works of Arjan Martins, the artist develops a unique pictorial technique among the process of building his canvases, addressing the diasporas and colonial movements in Afro-Atlantic territories. Arjan elaborates an artistic analysis in super-real time, his imagery and the expression of his pulsations work and react to the symbols from the period of maritime expansions and the slavery of black bodies, such as the caravel, the disputed terrestrial globe, the enslaved Africans and navigation tools as marks of that time. His drawings and sketches intensify and merge with broad and expanded gestures that go beyond the flow of the artist's hand. The dialogue with the anachronism of time is visible, his paintings go beyond traces of the past and become opportunities for the ashes of cyclical times, as in “Agatha", a painting where Martins creates a portrait of family blessing and farewell from the story of a child shot in the back in the Favela do Alemão, Rio de Janeiro, in October 2019, when she returned home with her mother in a van and crossed a violent police operation. Criticism of interrupted childhood and apartheid committed by institutional power - which has been killing hundreds of black bodies all over Brazil. The piece "Agatha", as well as other works by the artist, reveal political demands in a pictorial space. Equity of rights for black bodies, the basic right of daycare centers, public parks, libraries and transport appear on Arjan's canvases as images of absence. Art is a means of communication and social demands for the artist, who paints the right to life through representations full with meanings.